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CALIBRAR O MONITOR

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segunda-feira, abril 20

IMAGENS IMAGINÁRIAS (excerto)

Imagens: STEVE MCCURRY

(...)

Será que uma simples imagem (...) tem o poder de nos revelar uma realidade que não veríamos de outra forma? Como se tivesse um qualquer poder oculto capaz de nos "iluminar" ? Esta é uma pergunta que ainda me inquieta e para a qual não tenho resposta definitiva, a não ser... Sim, claro! pelo menos, algumas imagens fazem-no certamente.

Somente a título de exemplo, vejam-se as imagens de Steve McCurry... Por exemplo, o famoso retrato da rapariga afegã... Trata-se apenas de um retrato... Apenas? Aquele retrato revelou-nos uma cultura, uma condição de vida para a qual o comum cidadão do chamado "mundo ocidental" não estava, de modo nenhum, sensibilizado... Um retrato, apenas, mudou esse paradigma. Aqueles olhos, aquela expressão..., o sofrimento, o encanto..., a vida e cultura de um povo ali espelhada. Numa única face.

(...)

Aquela imagem tinha de gerar imagens! E gerou. Após uma complicada e dispendiosa expedição, uma outra imagem surgiu...

No entanto, os olhos que antes brilhavam, que desafiavam, são agora tímidos. Agora quase pedem para que não os maltratem mais. O que mudou? Nada... e tudo. Foi a vida, o que se passou entre as duas imagens. A primeira imagem sugere-nos o quão dura pode ser uma vida. A segunda confirma-o, apresentando-nos essa dureza de forma brutal. Será que imaginávamos a segunda imagem antes dela ter sido realizada (...)? Talvez "imaginássemos" (...), mas o acto de vê-la, foi verdadeiramente uma revelação.

(...)

As imagens são isso mesmo: uma representação de algo que as ultrapassa, que as transcende enquanto simples imagens em suporte físico. E ao mesmo tempo, uma autêntica revelação. Algo em nós muda, ilumina-se, quando vemos certas imagens.

Texto: João Paulo Barrinha

Texto completo publicado em: DESENHOS COM LUZ - APAF

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