A noite atingira já a idade adulta. A lua cheia mostrara-se na sua completa forma e o músico queria beber um copo. Nada melhor para descontrair após um concerto pouco cortante.
Assim que entrámos, voltei a olhar para a janela... Recordei o quanto desejara já, levá-la para casa. Aquela luz... Seria um excelente objecto para colocar numa parede. Infelizmente a cerveja estava contaminada, o que me obrigou a uma outra procura. Valeu-me o facto de, nem o dono nem a sua concorrência, se chatearem com isso...
Quando voltei, sentei-me calmamente na cadeira. Já estavam todos em divertido convívio... Além de divórcios e outros assuntos igualmente banais, de tudo um pouco se falou naquela mesa.
No entanto, não pude deixar de reparar o quanto, ciclicamente, por entre gestos mais ou menos liquefeitos, todos se iam, ora dissolvendo ora materializando em plantas, num bailado fumegante, qual jogo de sombras chinesas sem no entanto se produzir qualquer história dizível.
Aquela luz... Tinha que a levar para casa. A máquina fotográfica, a mesma que tinha registado alguns (poucos) segundos do espectáculo, tinha dado alguns momentos de folga à sua dona. Repousava agora, ela também, no centro da mesa. Durante algum tempo, tentei resistir aos seus encantos, à sua sedução... Mas ela foi mais forte que eu. A cerveja acabara. A conversa, animada mas distante dos meus ouvidos, aproximava-se cada vez mais dos meus olhos...
Até que não resisti....
Mas pouco depois, a parede começou a cair...
Tive que ir embora.
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