ABLLAU foi a primeira palavra que eu pronunciei. Em português nada significa, mas eu não sabia disso, e com ela dizia tudo... ABLLAU was the first word that I pronounced. In Portuguese it has no meaning, but I didn’t know that, and with it I said everything.
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sábado, fevereiro 28
Miroslav Tichý - A arte de ser Livre
Miroslav Tichý, MT Inv. no.: 1-35, by courtesy of Foundation Tichý oceán
Num mundo vasto, onde tudo se faz, onde de tudo se vê, por vezes ainda somos surpreendidos com uma história que nos cativa. Esta é uma delas...
MIROSLAV TICHÝ, fotógrafo oriundo da Ex-Checoslováquia, saltou em poucos anos, de um total anonimato, para o mundo da arte internacional. E o que fez para isso? Apenas teve a teimosia de se manter livre... A todo o custo.
MIROSLAV TICHÝ, é "um velho andrajoso que optou por uma vida marginal após diversas vicissitudes que lhe foram impostas pela guerra e pelo regime totalitário do seu país. (...) Se bem que o seu aspecto de vagabundo possa sugerir alguém derrotado, Tichý manteve sempre um espírito livre e resistente, recusando em todos os sentidos colaborar com o 'sistema'. Fotografar foi, de certo modo, uma manifestação desse inconformismo.
E o que fotografava ele? Mulheres. Perseguiu-as obsessivamente. Fez centenas de registos - chegou a impor a si próprio uma norma: 100 fotografias por dia. As modelos involuntárias do seu universo feminino eram mulheres apanhadas a passear na rua ou a tomar banhos de sol. Por vezes não se apercebiam disso; de outras vezes protestavam e zangavam-se; outras, deixavam-se fotografar com complacência. Rostos, bustos e pernas dominam os enquadramentos crus e espontâneos, revelando um erotismo sofisticado e surpreendente".*
Miroslav Tichý, MT Inv. no.: 4-1, by courtesy of Foundation Tichý oceán
Neste fotógrafo, pobre por opção, podemos ver uma grande dose de loucura... Mas melhor faríamos, se a víssemos em nós... Porque não conseguimos ter a mesma coragem, a mesma vontade de sermos livres...
Neste autor, tudo se conjuga, tudo faz sentido. A sua atitude perante a vida, a forma como fotografa, o equipamento que usa (câmaras construídas por ele a partir de sucata) e os temas que escolhe...
De facto, quanto aos temas, que melhor tema para um fotógrafo "marginal" que a mulher retratada de forma fugidia, voyeurista? Tudo faz sentido, sendo que o objectivo é só um: liberdade.
A liberdade à custa do apagar da condição social, à custa do disfarce, da camuflagem... MIROSLAV TICHÝ, tornou-se voluntariamente um zé-ninguém aos olhos dos outros... Não incomoda, não o incomodam... E só assim, nessa teimosia de ser livre, conseguiu ser alguém. Uma história impressionante.
BIOGRAFIA/BIOGRAPHY
MIROSLAV TICHÝ EM VÍDEO/IN VIDEO
* Excertos entre aspas, retirados de: OBVIOUS
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1 comentário:
Depois de avaliarmos a beleza e a visão de um artista destes, há que repensar a importância de ter uma Leica ou uma Mamyia. Efectivamente, "A arte de ser Livre".
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