Arquivos Archives

Pesquisar neste blogue

CALIBRAR O MONITOR

CALIBRAR O MONITOR
Tente distinguir todas as zonas de transição correspondentes às letras de A a Z

domingo, janeiro 20

A história de uma cadeira



A experiência do lugar, relação muito explorada, debatida e dissecada na arte contemporânea, é desde sempre no meu trabalho fotográfico, também uma presença assídua. Sendo a fotografia, na sua essência, um registo de vivências, de momentos e lugares, acabou por se tornar natural em mim registar também a minha presença nos locais que fotografo. No entanto, tal nunca foi (e penso que nunca será) uma constante... Não é igualmente, uma situação previamente planeada. O local terá de falar primeiramente comigo, o acto de registar a minha presença é sempre negociado. Ou gosto do local em si, do momento, e quero continuar a fazer parte dele, também nas fotografias, ou não gosto, e nem penso nisso. Algo terá de fazer click na minha cabeça.

Neste caso em particular, o que me levou a estas fotografias, sei-o agora depois de ver o resultado, foi algo mais que simplesmente gostar do local. Nelas, ao contrário do que se poderia supor, quase tudo é natural, no sentido de ocasional. A cadeira já lá estava, precisamente naquela posição. A parede já era assim. E mesmo a pós-produção, me foi imposta. As tonalidades com que ficaram as fotografias à saída da máquina digital (uma compacta barata) assim o obrigaram.

Depois, houve apenas a preocupação de casar o espírito do local com o meu próprio espírito. Neste caso, o local é a Casa Hipólito, uma fábrica falida e prestes a ser demolida que produzia utensílios diversos, entre os quais fogareiros a petróleo. Os condimentos estavam lá todos. Foi só juntar-he água, ou melhor dizendo neste caso, fogo, sob forma de um fogareiro a petróleo (produzido em tempos nessa mesma fábrica) e uma moldura branca com espelho e já usada por mim em diversos auto-retratos. A pequena performance, essa foi totalmente improvisada. E o resultado, ainda alimenta a minha imaginação.

Sem comentários: